segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A tese do ceolho

Um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o "notebook" e
pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali uma
raposa, e viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a
salivar. No entanto, ela ficou intrigada com a atividade do coelho e
aproximou-se, curiosa: - Coelhinho, o que você está fazendo aí,
tão concentrado? - Estou redigindo a minha tese de doutorado, disse
o coelho, sem tirar os olhos do trabalho. - Hummmm... e qual é o tema da
sua tese? - Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros
predadores naturais das raposas. A raposa ficou indignada: - Ora! Isso é
ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos! -
Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu te mostro minha prova
experimental. O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois
ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois...
silêncio. Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma aos
trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois
passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído, agradece
mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No
entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela
concentração toda e resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes
de devorar o coelhinho: - Olá, jovem coelhinho. O que o faz trabalhar
tão arduamente? - Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que
venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os
grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos
lobos. O lobo não se conteve com a petulância do coelho: - Ah! Ah!
Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os
genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa... -
Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova
experimental. Você gostaria de acompanhar-me a minha toca? O lobo não
consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns
instantes depois ouvem-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e...
silêncio.
Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível e volta ao trabalho de
redação da sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados
e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior
de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das
duas pilhas de ossos, um enorme LEÃO, satisfeito, bem alimentado, palitando
os dentes.
MORAL DA HISTÓRIA: 1. Não importa quão absurdo seja o tema de sua tese;
2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico; 3. Não
importa se os seus experimentos nunca cheguem a provar sua teoria; 4. Não
importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos
lógicos; 5. O que importa é "QUEM ESTÁ APOIANDO SUA TESE"...

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